CENPA-096~09 |
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... / - 8 - em sete milhões de habitantes. SITUAÇÃO CULTURAL. A posição de Portugal em relação aos africanos, no plano cu ltural; difere fundamentalmente da posição da União Sul Africana, inspirada pelo "apartheid". Esta reconhece e declara a existência e importância de uma civilização e cultura africanas,(bastante evoluidasj e preocupa-se em construir uma barreira entre as duas comunidades para preservar a cultura europeia (de que eles, brancos sul-africanos, sâo os representantes) de qualquer contacto com a cultura Bantu - contacto esse que, consideram, iria "turvar" a "pureza" das suas estruturas. Portugal, pelo contrario, não reconhece a existência de uiha cultura africana válida. Ela é olhada como qualquer coisa de pitoresco, mas de qualquer forma sem interesse. Os africanos sâo, segundo os portugueses, "crianças, órfãos sem tradição nem passado". E um dos argumentos ideológicos que os portugueses empregam para justificar a colonização é precisamente, a todo o instante e como slogan a "missão civilizadora", a difusão da fé cristã". Este pensamento devia, logicamente, conduzir em linha recta a uma acção efectiva no sen tido -digamos - da europeização do africano. Uma vez que,segundo a mítica portuguesa, nâo hà uma cultura africana, a única alternativa que e põe ao africano é esta: ou permanecer na barbárie no primitivismo, ou mergulhar na cultura europeia. Ora, Portugal declara-se inspirado por ideais espirituais elevados: ele preten de (melhor, pretende pretender) "civilizar, nâo explorar"; consi. dera por outro Hado o moçambicano - generalizando: o africano - como "uma criança grande, que não sabe o Que qiuer e que espera apenas ser guiado no melhor caminho"; logo, dentro dos princípios que apregoa, e para ser coerente com eles, a sua preocupação básica deveria ser esta: integrar os africanos dentro da civilização e cultura europeias. A realidade, porém, é bem ou£ra. - aDe acordo com o ultimo censo, o índice de analfabetismo entre os moçambicanos é de 99,8$. 0 único privilégio a que pode aspirar uma criança africana, no que respeita a instrução, e a frequência, durante três anos, de uma escola primaria, "escola rudimentar", dirigida por uma missão católica portuguesa, dado que, por força de um acordo celebrado em 1941 entre o govergo português e a Igreja Católica, foi a esta confiada a educação dos africanos. Nestas escolas &&■ J .v.~
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Title | CENPA-096~09 |
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Full text | ... / - 8 - em sete milhões de habitantes. SITUAÇÃO CULTURAL. A posição de Portugal em relação aos africanos, no plano cu ltural; difere fundamentalmente da posição da União Sul Africana, inspirada pelo "apartheid". Esta reconhece e declara a existência e importância de uma civilização e cultura africanas,(bastante evoluidasj e preocupa-se em construir uma barreira entre as duas comunidades para preservar a cultura europeia (de que eles, brancos sul-africanos, sâo os representantes) de qualquer contacto com a cultura Bantu - contacto esse que, consideram, iria "turvar" a "pureza" das suas estruturas. Portugal, pelo contrario, não reconhece a existência de uiha cultura africana válida. Ela é olhada como qualquer coisa de pitoresco, mas de qualquer forma sem interesse. Os africanos sâo, segundo os portugueses, "crianças, órfãos sem tradição nem passado". E um dos argumentos ideológicos que os portugueses empregam para justificar a colonização é precisamente, a todo o instante e como slogan a "missão civilizadora", a difusão da fé cristã". Este pensamento devia, logicamente, conduzir em linha recta a uma acção efectiva no sen tido -digamos - da europeização do africano. Uma vez que,segundo a mítica portuguesa, nâo hà uma cultura africana, a única alternativa que e põe ao africano é esta: ou permanecer na barbárie no primitivismo, ou mergulhar na cultura europeia. Ora, Portugal declara-se inspirado por ideais espirituais elevados: ele preten de (melhor, pretende pretender) "civilizar, nâo explorar"; consi. dera por outro Hado o moçambicano - generalizando: o africano - como "uma criança grande, que não sabe o Que qiuer e que espera apenas ser guiado no melhor caminho"; logo, dentro dos princípios que apregoa, e para ser coerente com eles, a sua preocupação básica deveria ser esta: integrar os africanos dentro da civilização e cultura europeias. A realidade, porém, é bem ou£ra. - aDe acordo com o ultimo censo, o índice de analfabetismo entre os moçambicanos é de 99,8$. 0 único privilégio a que pode aspirar uma criança africana, no que respeita a instrução, e a frequência, durante três anos, de uma escola primaria, "escola rudimentar", dirigida por uma missão católica portuguesa, dado que, por força de um acordo celebrado em 1941 entre o govergo português e a Igreja Católica, foi a esta confiada a educação dos africanos. Nestas escolas &&■ J .v.~ |
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