CENPA-092~03 |
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EDITORIAL Nao há nada de novo, no que respeita a mentalidade portuguesa face ao problema colonial. Os mesmos princípios racistas que desde sempre inspiraram a política colonial de Portugal, continuam presentes. Hoje, como dantes, o deputado português por Moçambique declara na Assembleia Nacional que "e' dogmático que sem brancos o negro nao evolui em África", que "Moçambique é uma província desprovida*de"brancos, que são por excelência os únicos" agentes possíveis do progresso do negro", e que "se se quer fazer progredir o negro, e necessário expandir o povoamento europeu". Estas declarações são feitas em Março de 1965, quando a maior parte dos países africanos se afirmaram já como Estados independentes e grande número deles construiran ja uma estrutura económica, social e política que os coloca num plano muito superior ao Portugal 'branco1. "Sem brancos o negro não evolui"- diz o deputado Lobato. Nos responderemos apenas: se há uma qualquer relação entre os brancos e o desenvolvimento dos negros, essa relação so pode ser estas e' por causa dos brancos que o negro nao pode seguir a sua evolução normal, submetido como estava a um regime de escravidão. Quem conheça a historia do colonialismo em África compreenderá facilmente a verdade desta asserção. Portugal não apreníteu '& lição da Historia. Ele não acompanha a evolução dos tempos., das .sociedades, das. culturas, das ..civilizações. Portugal e um pais medieval onde a ignorância reina. É necessário que uma revolução profunda sacuda a mentalidade portuguesa e faça o povo acord.ar. do. obscurantismo a que os seus governantes o condenaram. Nds aprendemos a lição .da Hi&toria. A Historia ensinou-nos que nenhum poder no mundo é suficientemente forte para contrariar por longo tempo a vontade firme de' Um povo. Nds fomos um povo livre - e queremos voltar a sê-lo. A liberdade está ao nosso alcance, torna-se necessário apenas conquistá-la. A nossa decisão e determinação encontram expressão nas importantes, vitórias militares que o nosso povo tem alcançado na luta contra o invasor. A luta intensificou-se já na Província do Niassa e estende raizes para todo o Sul. 0 nosso povo sabe que tem de lutar, e vencer. Porque os princípios racistas que os portugueses apregoam, as medidas de exploração que preconizam e aplicam visam destruir a nossa existência como nação. No dia 10 de Abri, poucos; dias depois de o deputado português ter pedido mais brancos, partiram de Lisboa 867 colonos com destino a Moçambique. Eles vão ocupar as terras mais fe'rteis, expulsando delas os Moçambicanos. Vão ocupar os cargos mais bem pagos, relegando os africanos para os cargos de serventes e criados.
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Title | CENPA-092~03 |
Filename | CENPA-092~03.tiff |
Full text | EDITORIAL Nao há nada de novo, no que respeita a mentalidade portuguesa face ao problema colonial. Os mesmos princípios racistas que desde sempre inspiraram a política colonial de Portugal, continuam presentes. Hoje, como dantes, o deputado português por Moçambique declara na Assembleia Nacional que "e' dogmático que sem brancos o negro nao evolui em África", que "Moçambique é uma província desprovida*de"brancos, que são por excelência os únicos" agentes possíveis do progresso do negro", e que "se se quer fazer progredir o negro, e necessário expandir o povoamento europeu". Estas declarações são feitas em Março de 1965, quando a maior parte dos países africanos se afirmaram já como Estados independentes e grande número deles construiran ja uma estrutura económica, social e política que os coloca num plano muito superior ao Portugal 'branco1. "Sem brancos o negro não evolui"- diz o deputado Lobato. Nos responderemos apenas: se há uma qualquer relação entre os brancos e o desenvolvimento dos negros, essa relação so pode ser estas e' por causa dos brancos que o negro nao pode seguir a sua evolução normal, submetido como estava a um regime de escravidão. Quem conheça a historia do colonialismo em África compreenderá facilmente a verdade desta asserção. Portugal não apreníteu '& lição da Historia. Ele não acompanha a evolução dos tempos., das .sociedades, das. culturas, das ..civilizações. Portugal e um pais medieval onde a ignorância reina. É necessário que uma revolução profunda sacuda a mentalidade portuguesa e faça o povo acord.ar. do. obscurantismo a que os seus governantes o condenaram. Nds aprendemos a lição .da Hi&toria. A Historia ensinou-nos que nenhum poder no mundo é suficientemente forte para contrariar por longo tempo a vontade firme de' Um povo. Nds fomos um povo livre - e queremos voltar a sê-lo. A liberdade está ao nosso alcance, torna-se necessário apenas conquistá-la. A nossa decisão e determinação encontram expressão nas importantes, vitórias militares que o nosso povo tem alcançado na luta contra o invasor. A luta intensificou-se já na Província do Niassa e estende raizes para todo o Sul. 0 nosso povo sabe que tem de lutar, e vencer. Porque os princípios racistas que os portugueses apregoam, as medidas de exploração que preconizam e aplicam visam destruir a nossa existência como nação. No dia 10 de Abri, poucos; dias depois de o deputado português ter pedido mais brancos, partiram de Lisboa 867 colonos com destino a Moçambique. Eles vão ocupar as terras mais fe'rteis, expulsando delas os Moçambicanos. Vão ocupar os cargos mais bem pagos, relegando os africanos para os cargos de serventes e criados. |
Archival file | Volume31/CENPA-092~03.tiff |