CENPA-087~12 |
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-11- Nao pararam de dançar.Mas pouco a pouco,os dançarinos fo- ram-se colocando em círculo a volta do português, corcando-o completamente. 0 comerciante reparou nesse movimento. Inquiotou-se. Não muito, poremt porque, em suma, ele era o Branco, o Patrão, o Senhor. Nunca os pretos so atreveriam - pensava ele - a tomar uma qualquer atitude agressiva em relação a um branco. 0 chefe da povoação fez um sinal. A dança parou. Os tambores calaram-se. Fez-se um silencio pesado, ameaçador. Encaminhando-se a pass^a, lentos e graves para o português, o chefe da povoação disse-lhe,Xindaus "Muzungu, wakavia cotamba ngoma. Pangoma veses vanotamba. Vanotamba ! (branco, tu vieste a um batuque. Num batuque todos tem de dançar. Dança !) 0 comerciante não compreendeu. Sentiu que se tratava de uma ordem, mae não sabia qual o conteúdo. Julgou quo o mandavam embora, e tentou abrir caminho por entre os Moçambicanos que o cercavam. Mas as fileiras cerraram-se - e ele achou-se prisioneiro, no meio de uma multidão de rostos hostis. ^Vahotamba maputugues!"("Dança português"!) repetiu o chefe. Vendo que ele não compreendera, mandou tocar um dos tambores; e apontando para os pes do português, rcpotius "Vanotamba*1! 0 português então compreendeu. Agitou-se, olhou em volta á procura de uma saida. Mas os outros colonialistas estavam longe, nao podiam vir em seu auxilio. 0 tempo entretanto decorria. A multidão começou a mover-se, impaciente. "Vanotamba maputugues"! (Dança português!) tornou o chefe da povoação, ja ameaçador, num tom que não admitia replica. 0 português foi dominado pelo medo. Medroso, cobarde,oomo todos os colonialistas quando não sentem a protoge-los o número e a força das armas - o português começou a dançar. Melhors começou a saltar, como um palhaço, gordo, grotesco, incapaz do coordenar os movimentos, as calças a escorregarem-lhe pela barriga . Gargalhadas soaram entre os Moçambicanos. Um riso imenso, uníssono. Um riso que, interpretado, significava o fim próximo da dominação portuguesa no nosso País. 0 português sentiu o ridículo da sua situarão. Desesperado, tentou fugir. Foi apanhado por um Moçambicano que,levantando-o
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Title | CENPA-087~12 |
Filename | CENPA-087~12.tiff |
Full text | -11- Nao pararam de dançar.Mas pouco a pouco,os dançarinos fo- ram-se colocando em círculo a volta do português, corcando-o completamente. 0 comerciante reparou nesse movimento. Inquiotou-se. Não muito, poremt porque, em suma, ele era o Branco, o Patrão, o Senhor. Nunca os pretos so atreveriam - pensava ele - a tomar uma qualquer atitude agressiva em relação a um branco. 0 chefe da povoação fez um sinal. A dança parou. Os tambores calaram-se. Fez-se um silencio pesado, ameaçador. Encaminhando-se a pass^a, lentos e graves para o português, o chefe da povoação disse-lhe,Xindaus "Muzungu, wakavia cotamba ngoma. Pangoma veses vanotamba. Vanotamba ! (branco, tu vieste a um batuque. Num batuque todos tem de dançar. Dança !) 0 comerciante não compreendeu. Sentiu que se tratava de uma ordem, mae não sabia qual o conteúdo. Julgou quo o mandavam embora, e tentou abrir caminho por entre os Moçambicanos que o cercavam. Mas as fileiras cerraram-se - e ele achou-se prisioneiro, no meio de uma multidão de rostos hostis. ^Vahotamba maputugues!"("Dança português"!) repetiu o chefe. Vendo que ele não compreendera, mandou tocar um dos tambores; e apontando para os pes do português, rcpotius "Vanotamba*1! 0 português então compreendeu. Agitou-se, olhou em volta á procura de uma saida. Mas os outros colonialistas estavam longe, nao podiam vir em seu auxilio. 0 tempo entretanto decorria. A multidão começou a mover-se, impaciente. "Vanotamba maputugues"! (Dança português!) tornou o chefe da povoação, ja ameaçador, num tom que não admitia replica. 0 português foi dominado pelo medo. Medroso, cobarde,oomo todos os colonialistas quando não sentem a protoge-los o número e a força das armas - o português começou a dançar. Melhors começou a saltar, como um palhaço, gordo, grotesco, incapaz do coordenar os movimentos, as calças a escorregarem-lhe pela barriga . Gargalhadas soaram entre os Moçambicanos. Um riso imenso, uníssono. Um riso que, interpretado, significava o fim próximo da dominação portuguesa no nosso País. 0 português sentiu o ridículo da sua situarão. Desesperado, tentou fugir. Foi apanhado por um Moçambicano que,levantando-o |
Archival file | Volume31/CENPA-087~12.tiff |